quinta-feira, 24 de março de 2011

Há espaço para profissionais superqualificados nas empresas brasileiras?

O aumento do número de faculdades e cursos de qualificação no Brasil criou um cenário onde ter graduação e ser competente não é mais suficiente para o mercado. A fim de resolver esse problema, muitos profissionais partem em busca de especializações, MBAs, mestrados, aperfeiçoamentos, cursos no exterior e geram um fenômeno conhecido como os superqualificados.

Mas o mercado brasileiro ainda não tem condição de absorver essa mão de obra excelente, segmentada e mais cara. Não há espaço para todos esses profissionais em um país pouco desenvolvido como o nosso, o que gera um grande dilema: continuar os estudos e se aperfeiçoar ainda mais a fim de conseguir reconhecimento e contratação com salários e benefícios condizentes com seu nível de experiência e escolaridade ou aceitar trabalhar por salários e em funções inferiores ao merecido para não ficarem fora do mercado de trabalho por muito tempo?

As duas opções são válidas. A primeira demonstra a vontade de o profissional se destacar mais ainda dos demais e se tornar único, indispensável e disputado pelas empresas. Mas traz o perigo de o mesmo se tornar um expert apenas teórico, sem vivência do dia-a-dia e das dificuldades práticas do trabalho.
A segunda opção, por subestimar suas capacidades, pode desestimular o profissional. Ou fazer o contrário: torná-lo mais motivado a mostrar na prática todo o seu potencial e os benefícios que sua educação agrega para a organização. Dessa forma, ele pode conseguir não só uma promoção com aumento de salário, mas um subsídio da empresa para continuar seus estudos, oque seria uma ótima estratégia para ambos.

Posição das empresas
Não é qualquer empresa que contrata esses profissionais superqualificados para o se quadro de funcionários. Somente aquelas que têm visão estratégica é que o fazem. Alguns recrutadores sentem insegurança em aceitar tais pessoas, pois temem que elas mudem de emprego assim que surgir uma oportunidade melhor no mercado. Às vezes, diretores responsáveis pela contratação se sentem ameaçados por esse profissional e temem até pela sua própia posição dentro da empresa por entender que o candidato é melhor qualificado do que ele.

Isso acontece muito e acarreta enormes prejuízos intelectuais e financeiros para a empresa que perde a oportuinidade de ter um profissional de ponta que contribuiria para a evolução e crescimento da mesma no mercado, além de servir como estímulo e ensinar aos demais funcionários, gerando motivação ao crescimento profissional e individual dos colegas de trabalho.

32 comentários:

  1. Cara Christina, O Brasil não é sofisticado e/ou exigente na compra de produtos e serviços, devido questões sócio - economica e cultural não desenvolvida. Como devido a estagnação desenvolvimentista instalada nas últimas decadas.
    Veja que muitos pesquisadores e profissionais de alto nivel e de alta capacidade de desempenho e resolução permanecem no exterior; devido impossibilidade de ganhos em sua nação.
    Quem fica no Brasil é teimoso, ama suas origens e visualiza alem da simples possibilidade de ter ganhos profissional e/ou economico maior.

    Vc que é jovem pode até pensar em ir para o exterior, mas retorne para contribuir e retirar as barreiras que nos impedem de crescer.

    Saudações e muita sorte !

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  2. Oi Christina,
    muito interessante seu artigo. Tocou num ponto que é dúvida para muitos profissionais. Senti falta de falar dos riscos, tanto de ser muito especializado numa área quanto a de exercer uma função abaixo da qualificação. Gostaria de lembrar ainda que o principal aprendizado acontece na prática, no dia-a-dia do mercado de trabalho. Por enquanto não há nada que substitua a prática.
    Abraços!

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  3. E vale ressaltar que, para contratar, as organizações estão exigindo pessoas super qualificadas para compor seu quadro funcional, e quando as pessoas vão exercer as atividades dentro das empresas, percebem que suas qualificações não são necessárias para exercer certas atividades, ficando assim desmotivados e frustados em relação à empresa, o que gera uma insatisfação e logo uma demissão.

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  4. Olá a todos! Acho que o problema das empresas brasileiras, com atenção especial para as mineiras, é a falta de interesse em remunerar adequadamente seus profissionais. Nós brasileiros estamos acostumados a nos adaptarmos às condições exigidas pelos empregadores, nos especializarmos e atualizarmos cada vez mais e não sermos recompensados por isso. Temos a ideia, muitas vezes correta, de que se não aceitarmos trabalhar em condições longe do ideal, haverá outros candidatos àquela vaga que aceitarão sem problemas. E para não ficarmos sem emprego, acabamos calados e resignados.

    Sair do Brasil, Igor, é sim a solução muitas vezes. Mas creio que ficar e impulsionar a evolução da mentalidade de empregadores e funcionários (independente do ramo da empresa ou do cargo do trabalhador) fará com que essa realidade mude e o nosso país evolua e se desenvolva. Afinal de contas, já é comprovado que funcionário feliz rende mais lucro para as empresas.

    Bruno, cheguei a citar sim alguns riscos de ser superqualificado e de se aceitar trabalhar em cargos inferiores às suas capacidades. Mas concordo plenamente quando diz que a prática é fundamental. De nada adianta o saber teórico se não aliado à experiência da vivência prática.

    Cândida, vou postar um texto sobre essas exigências e dicas para se contratar pessoas mais qualificadas do que o necessário para o cargo sem ter dor de cabeça com isso!

    Agradeço os comentários! Abraço!

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  5. Christina,

    acredito que sempre existiu. Ouvimos sempre que este é um profissional caro. Na verdade devemos medir o retorno que ele propicia com a bagagem oferecida. Percebo que algumas pessoas confundem experiência com conhecimento. São coisas distintas. Uma aprende-se nas escolas, a outra no seu dia a dia nas empresas. A experiência é um conjunto de fatores compostos envolvendo conhecimento profissional, vivência inter pessoal, tomada de decisão e por ai vai.... . Pode parecer obvio mas esta visão fica turva quando se substitui profissionais especializados por várias pessoas inexperientes de baixo custo . Não digo que quem esta entrando no mercado deva ficar fora dele. Pelo contrario, o sol tem que nascer para todos. O problema são quando os executivos avaliam somente o custo e colocam profissionais sem bagagem para atuar em atividades para qual não estão preparados. Os possíveis prejuízos advindo destas escolhas não são contabilizados e talvez o custo fique bem maior.......

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  6. Espaço existe, mas o problema é o custo....
    -estamos sendo arrasados pela concorrencia asiática, principalmente chinesa. As empresas ficam malucas por conseguir um "tapa buraco" que custe barato e trabalhe muito - então ela manda embora o super qualificado e contrata 2 "meias bocas", quando não um...ai um Gerente vai mostrar a "redução de custo" ao Diretor...."melhorando a competitividade".....
    - o Brasil é um pais de Terceiro mundo....aqui é para ter site de manufatura, sendo a pesquisa/R&D deixada a cargo dos paises de Primeiro mundo. Não é regra geral, mas esta visão que muitos possuem desvaloriza o profissional super preparado, afinal, para que, se só vamos fabricar algo desenvolvido lá fora (e agora nem isso, pois a fabricação está indo para a China)....
    - O governo brasileiro não está nem ai para estes profissionais (votaram no PSDB mesmo), não tem politica industrial e parece bem contente ao ver o pais se desindustrializando e virando uma republiqueta produtora de commodities....(até a China enfrentar uma crise...ai vamos ver quem vai comprar soja, minério de ferro, etc...)
    - um profissional destes normalmente tem mais de 40 anos...e nosso pais é extremamente preconceituoso com relação à idade....arrumar emprego depois dos 40 é como ganhar na loteria...eu tento há mais de um ano....
    - um profissional destes gera SOMBRA....o Gerente ou Diretor fica com medo de colocar alguem melhor do que ele e mais barato...dando idéias para seu chefe fazer outra redução de custo....ele sabe que emprego está dificil...daí....não contrata um profissional destes nem a pau....
    - até a inveja de muitos conspira contra....

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  7. Olá a todos! Charles, percebo a diferença entre experiência real e conhecimento teórico. Mas creio que a excelência só é alcançada com a junção dos dois. Existia espaço quando essa junção mais o crescimento profissional acontecia por volta dos 40 anos. Hoje isso se dá mais rapidamente e acontece por volta dos 30 anos. Nossas empresas não estão preparadas para receber essa quantidade de mão de obra qualificada, pensante, exigente e que é capaz de reduzir os custos da empresa ao invés de ser considerado mais um.

    É por isso, Waldomiro, que nossas empresas estão perdendo espaço para as asiáticas. Insistimos em continuar a ser o país dos manufaturados e dos produtos agrícolas primários. Não saímos do subdesenvolvimento graças à essa mentalidade pequena e atrasada. Se as empresas pensassem como o Charles e enxergassem as vantagens que a excelência desse profissional agrega às suas organizações, não teríamos problemas de desemprego em TODOS os setores da economia e evoluiríamos rapidamente rumo ao desenvolvimento pleno.

    Agradeço os comentários! Abraço!

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  8. Também divido com vocês essa discussão pelo ponto de vista das vantagens de se contratar um profissional desses. Esta em inglês, mas vale muito a leitura! http://blogs.hbr.org/hmu/2011/03/should-you-hire-an-overqualifi.html

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  9. Gente qualificada em grande quantidade dá nisso...

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  10. Gostaria de saber o por quê isso acontece. O que tenho visto é que algumas empresas estão eliminando cargos de gestores mantendo coordenadores ou profissionais com pouca experiência em locais estratégicos, como a área de marketing. Uma estratégia que demonstra apenas reduzir custos com mão de obra qualificada.

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  11. Isso é muito subjetivo, o que você considera superqualificado?
    Que tipo de espaço você cita? Acho que emprego existem, mas espaço é mais complicado.

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  12. Olá João Cláudio! Não acho que exista emprego para todos esses profissionais hoje em dia nas empresas brasileiras. E quando falo espaço, digo espaço profissional como citado no texto.

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  13. Vemos também pouca habilidade em fazer um bom marketing profisisonal e também em reconhecê-lo por parte dos gestores. O mau e velho "puxasaquismo" ainda predomina em boa parte das promoções. O que acontece? O puxa saco é promovido, a área torna-se uma cadeia de processos mal feitos e os bons profissionais ficam reféns de um mercado de trabalho sem maiores oportunidades.

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  14. Muitas empresas optam por efetivar seus estagiários pois além de continuar ''moldando'' seu funcionário, o mesmo já conhece a empresa e o salário não precisa ser alto de imediato. Dessa forma, as empresas acabam que nem olham para os profissionais que estão sem emprego.

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  15. Acredito também que se tiver dois candidatos bons concorrendo para a mesma vaga, o que tem indicação tem mais chance de entrar, mesmo que o outro ainda seja melhor ele acaba perdendo.
    Acho um pouco injusto isso, pois as empresas tem que avaliar o perfil do profissional e suas qualificações e não pensar que por ter sido indicado o outro candidato será melhor.

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  16. Olá,

    Acho um risco generalizar essas questões. Nos últimos anos temos vistos vários segmentos apontando o risco de apagão de mão de obra especializada. O que pode ocorrer e' (desculpem a falta de acentuação nao me adaptei ao teclado do ipad) algumas empresas, aí sim concordo com as colocações, podem estar com uma gestão 'antiquada'. Quando falamos em segmentos, esta claro que há carência de profissionais qualificados, seja qual for o nível de qualificação. Tente contratar um marceneiro, eletricista ou pedreiro.O mercado já entende a importância da qualificação, tanto que as empresas presentes nas bolsas de valores são avaliadas, também, por seu capital intangível. As pequenas e medias emparesas no Brasil tambem devem informar ao seu contodor qual o seu capital intangível em seus demonstrativos. Portanto, mais do nunca o capital humano e o melhor investimento a longo prazo.
    Um abraço
    Rangel

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  17. Creio que, em geral, isso ocorre porque muitas pessoas que ocupam cargos de liderança não conseguem conviver harmonicamente com talentos que estejam acima das suas próprias qualificações. Ao identificar um super-qualificado, há chefes que, em vez de incentivá-lo a compartilhar suas experiências em benefício da equipe e do resultado final para o negócio, tendem a sufocá-lo, suprimi-lo, "escondê-lo" ou até mesmo desqualificá-lo. Talvez por pura insegurança, medo de perder o cargo ou o status quo! Quando o indivíduo é muito qualificado para o cargo e tenta expor seus conhecimentos e colocá-los em prática, é taxado de alguém que quer "aparecer demais", fazer marketing pessoal etc... Aqui caberia outra reflexão sobre o assédio moral sofrido por profissionais superqualificados. E não são poucas as vítimas deste crime em empresas e instituições brasileiras!!!

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  18. Sinceramente, não acredito que exista espaço, tenho 30 anos de experiência em RH, sendo especialista em implantação e gestão de folha de pagamentos de muitas filiais ou numero elevado de funcionários. Desde 1993 venho atuando em consultorias por projetos, pois quando vêem meu currículo se assustam. No entanto sou chamado para corrigir as besteiras feitas por profissionais que ganham pouco, mas fazem menos ainda, pelo desenvolvimento das empresas. As vezes me sinto como um otário, me especializei nos subsistemas de RH e gerenciamento de folha de pagamentos e quando chego nas empresas vejo cada tipo de profissionais e com altos salários. Me assusta as perguntas que me fazem e os seus níveis de conhecimento da área.
    Diante disso não acredito que exista lugar para profissionais experientes o que vale atualmente é somente a teoria, não diria que falta espaço para superqualificados, os qualificados já não estão conseguindo espaço.

    Abraços

    Marcos Silveira

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  19. Christina, acredito que sim. A não ser que o próprio profissional se considere "o rei da cocada preta" e não saiba se adequar ao ambiente de trabalho. As empresas, por outro lado, também devem considerar um privilégio poder contar com um profissional altamente qualificado, nem que seja por pouco tempo, para dar um "upgrade" no seu plantel.

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  20. O problema maior é quando estes profisissionais se sentem desmotivados e acabam aceitando qualquer tipo de emrpego apenas para não ficar fora do mercado...
    Os espertos no mercado de trabalho fala muito sobre falta de mão de obra qualificada..mas eu acho que falta um pouco de dinamismo nas empresas e visão diante de candidatos de áreas diversas...

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  21. Já perdi oportunidades de trabalho por causa do meu nível salarial. As empresas querem contratar gente experiente e qualificada pagando pouco. Uma equação incoerente.

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  22. Espaço há, porém é necessário que ocorram duas situações, a meu ver, importantes:

    A primeira é que o indivíduo seja plenamente consciente e reconheça sua importância profissional e acadêmica como algo transformador, tanto para si como para a sociedade. Antes de receber qualquer avaliação ou elogio sobre sua formação acadêmica e currículo, vindo de outros profissionais ou empresas o próprio profissional deve entender de si mesmo e identificar suas forças e fraquezas, para que possa julgar-se apto ou não para assumir determinada posição ou cargo que for.

    A segunda situação deve partir das empresas. Aprender a enxergar a importância deste tipo de profissional, suas possibilidades de oferecer novas visões e ideias para o crescimento corporativo e sua opinião sobre si mesmo, sua carreira e seu papel social tornam-se imprescindíveis neste mercado voraz e competitivo que vivemos hoje. Contratar "super profissionais" apenas para extrair deles seu vasto conhecimento e técnica não levará empresa nenhuma a lugar nenhum.

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  23. Christina e demais participantes,

    Há pouco tempo em um outro grupo, houve um debate enorme, com mais de uma centena de comentários, sobre a importância da qualificação formal, acadêmica.

    Como opinei lá, opinarei aqui: estou com o Bruno Blankenburg, que logo acima disse que nada substitui a prática.

    Para mim, ao contratar alguém, o que há de mais importante é a experiência que descrita no currículo, que obviamente deve ser comprovada, e o grande momento da entrevista, quando posso olhar nos olhos da pessoa.

    O que não quer dizer que a qualificação não seja importante.

    Abraços!

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  24. Eu acho que a visão do Rangel é futurista. Ainda não chegamos neste nível, infelizmente. É claro que a capacitação vale bastante, mas o bom e velho marketing pessoal, assim como as citadas 'indicações' ainda engolem uma boa fatia do mercado que poderia estar muito melhor preenchida.

    Ab,
    Carla

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  25. Há duas semanas fiz uma prova de seleção, com direito à entrevista, teste de raciocínio lógico, redação, traduções, intepretação de texto e por aí vai... Dias depois, recebo um e-mail da empresa que estava selecionando:
    "Obrigada pela sua participação no nosso processo seletivo, porém, você está muito acima do que temos a oferecer".
    Afinal, isso é bom ou ruim? Me parece apenas contraditório.

    Como estou na fase de recolocação no mercado,percebo que o que mais conta na hora da classificação em um processo seletivo é a nossa velha conhecida INDICAÇÃO.
    A qualificação do candidato não parece valer tanto quanto esse famoso fator de QI (quem indica?) E quem não o possui, acaba sendo preterido nos processos.

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  26. A questão é ampla. A princípio concordo com tudo que a Christina Chagas diz. E acrescento mais um ponto: As empresas brasileiras, o melhor o Brasil culturalmente não é acostumado a meritocracia. Prevalece a camaradagem, o quem indica, etc. E óbvio tem a questão de custo que torna-se burra pois ao privilegiar três estagiários para ocupar a vaga de um super qualificado, a empresa paga três por menos que um e perde experiência, conhecimento e até o que gastam em treinamento e qualificação daquele profissional. Falta engenheiros para a indústria automobilística, por exemplo. Em períodos de poucas vendas, mercado em crise, eles demitiam os engenheiros ou ofereciam salários tão baixos que os recém formados optavam por trabalhar no mercado financeiro. Coisa que acontece até hoje, com o mercado aquecido, por que os salários são melhores. Resultado: o Brasil perde projetos para a Índia e para a China que formam mais engenheiros que aqui. Outro ponto é o da idade. O ideal seria que as pessoas conseguissem transformar conhecimento, adquirido em anos de educação cara, e experiência em remuneração. Mas bastou ter mais experiência, chegar a uma certa idade, almejar ganhar mais, que é trocado por três estagiários. A questão colocada pelo Rangel também tem outro contexto, como os salários médios no BR são baixos e com a profusão de faculdades por aí, as pessoas que antes procuravam formação técnica, procuram formação universitária, pois acreditam que ganharão mais, o que nem sempre ocorre. Há apagão de mão de obra, sim e há pessoas maduras extremamente qualificadas fora do mercado, por que as empresas não remuneram adequadamente. As listadas em bolsa são um universo muito pequeno no mercado brasileiro. E mesmo em empresas com bom marketing de governança corporativa, os qualificados, mais maduros valem no máximo 3 estagiários e são substituídos a qualquer momento.

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  27. Concordo com Bárbara...muitas empresas médias/grandes engessadas com profissionais que não são tão competetentes assim... parece que o QI prevalece sobre a meritocracia. Isso é triste pq você quer fazer um ótimo trabalho mas é impedido por um profissional despreparado que critica sem fundamento, critica mais pq quer prestar serviço ao chefe. Na verdade ele só atrapalha o processo, pq se a aprovação do trabalho dependesse do chefe o trabalho de 6 meses duraria 1 mês. Complicado...

    Não que a contratação por QI seja totalmente ruim...porque você pode ter excelentes referências de um profissional através da sua rede de relacionamentos...mas o ruim é quando acontece contratação por QI e o candidato é inadequado para a função...ai já são outros 500...=/

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  28. Olá amigos,

    Achei muito interessante ler estes posts. Gostaria de levantar uma pequena polêmica, agora falando pelo lado das empresas.

    Alguém contrata qq serviço sem ter uma referência? Quando compramos algum serviço, não procuramos referências e histórico? Por que seria diferente quando uma empresa quer contratar? Me parece bastante razoável que, dentro dos mesmos critérios de formação e competência, um profissional com referências, histórico, que seja reconhecido (marketing pessoal) acabe levando vantagem sobre o desconhecido. Carta de referência vale aqui no Brasil e no mundo. Aqui mesmo no Linkedin, existe um campo para referências!

    Não posso falar por todas as empresas, claro. Mas não vejo o menor sentido em trocar um profissional que gera resultados e lucros por 3 estagiários. Ora, alguém aqui é doido de "demitir" um investimento que está dando lucro?

    E mais um ponto importante: Será que no futuro, teremos leis trabalhistas mais modernas, que não onerem tanto as empresas? Será que ainda precisamos que a CLT trate um profissional que passou anos numa faculdade, fez MBA, aprendeu inglês e espanhol, etc, como um operário da década de 50, oprimido pelo grande inimigo, a empresa? Vale a pena ressaltar que o custo de um funcionário não é apenas o seu salário. Entra na conta FGTS, INSS, 13o, férias, 1/3 de férias, vale transporte, alimentação e o próprio risco trabalhista (aquele que a empresa tem quando demite um funcionário). Tudo isso é levado em consideração na formação de preços e na própria política de contratação.

    Alguém falou de perdermos projetos para Índia e China. Segue um pequeno artigo de 2006 sobre as leis trabalhistas na China:

    "A legislação trabalhista chinesa é de 1994 e se soma às exigências das leis das províncias. Mas essas leis são só referência. A vida real tem sido mais forte do que ela. Por exemplo: a jornada de trabalho prevista é de 40 horas semanais, mas, na prática, pode passar das 60 horas. O salário mínimo, previsto em lei, só é respeitado nos grandes centros urbanos, onde é de cerca de US$ 70. O professor José Pastore, especialista em questões trabalhistas, calcula que, do 1,3 bilhão de habitantes chineses, apenas cerca de 300 milhões ganham salário mínimo. Só para comparar: o salário mínimo é de quase US$ 170 no Brasil e passa dos US$ 800 nos Estados Unidos.

    O advogado Rodrigo Maciel, do escritório Veirano Advogados, um dos membros do Conselho Empresarial Brasil-China, informa que, em geral, as multinacionais instaladas na China observam as leis trabalhistas, mas a maioria das empresas chinesas não paga o mínimo e é comum o empregador atrasar por meses o pagamento do salário.

    Os direitos previstos na lei são poucos, o que concorre para o baixo custo trabalhista na China. O professor Pastore tem insistido que, na média, um trabalhador brasileiro custa para seu patrão o salário que recebe diária ou mensalmente mais outros 103% em encargos, férias, descanso remunerado, etc. Pelo mesmo critério de cálculo, na China esse custo adicional é de 57%. Lá, as férias são bem mais curtas, de 15 dias, não há o equivalente a décimo terceiro salário, nem ao FGTS, nem ao INSS."

    Será que estamos preparados para sermos tão competitivos quanto a China?

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  29. Acho que os superqualificados não conseguem colocações em empresas brasileiras porque eles geram mais custos e também porque as empresas ainda não entenderam a importância de um profissional de comunicação. Já ouvi muitos casos que empresas que em momento de crise, mandam embora os jornalistas, publicitários e afins. A comunicação pode parar, não os outros setores.

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  30. Olá Christina,
    Muito interessante o seu artigo. Ontem, o Estado de São Paulo, caderno de economia, publicou uma série de matérias sobre essas questões de recrutamento e os desafios que as empresas enfrentarão nos próximos anos. Não sei você concorda, mas acredito que nos próximos anos encontrar profissionais com boa formação, competência e experiência será o maior dilema das empresas. Um dos textos do jornal dizia que muitas empresas começaram a mexer nos requisitos de contratação, justamente pela falta de mão de obra. Eles citam alguns exemplos de empresas que tiraram MBA ou Pós Graduação como requisito de algumas vagas, há outros casos em que as empresas tiraram as exigências de cursos específicos para determinadas áreas de atuação e estão dispostas a contratar profissionais sem especialização e treiná-lo, incentivo que funciona, inclusive, como aspecto de retenção dos profissionais.

    Há sempre um desequilíbrio entre a oferta e a demanda...quando será que conseguiremos chegar no melhor resultado?

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  31. Olá, Concordo com você Chistina, estou me formando agora esse semestre em Marketing e apesar de estar feliz e satisfeito com a área que escolhi, estou triste por ver a falta de visão dos empresarios, eles acham que a empresa deles podem crescer sem a contratação de profissinais que tenham formação qualificada, ou como você mesmo citou, não quer reconhecer o nosso esforço e oferecem merrecas em troca de muita responsabilidade.

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  32. Acredito, Isabella, Christina e Robson, que as empresas tenham, há algum tempo, acostumado a enxergar seus colaboradores com um olhar míope, onde não alinham essas pessoas (que têm anseios, desejos e necessidades e são peça-chave para o funcionamento da organização) ao mesmo patamar que estão os clientes.
    Quando o marketing está alinhado aos demais departamentos da empresa e trabalha com o pensamento de que o seu melhor cliente é o interno, é certo que estará atendendo ou até superando as necessidades e expectativas dos mesmos e, assim, cria uma atmosfera agradável, onde as pessoas vestem a camisa e têm orgulho de estar ali, desenvolvendo um bom trabalho.
    Daí conclui-se o seguinte: os colaboradores não têm, muitas vezes, suas necessidades atendidas pela empresa em que trabalham, seja por falta de um bom endomarketing, por falta de reconhecimento e investimento, remunerações ruins, ou por outros motivos, as empresas acabam por perder profissionais qualificados que têm consciência de sua capacidade e sabem que podem mais, e que, na verdade, a relação entre empresa e colaborador tem de ser de troca, onde, assim, as duas partes ganham.

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